Pai: João Bonifácio Sant’anna
Mãe: Clementina Rais Votos
Data de nascimento: 13/8/1918
Data de falecimento: 08/04/2006
Naturalidade: Descalvado (SP)


Biografia:

MARIA  LETÍCIA (MARIA  SEBASTIANA DE SANTANA) NASCEU EM 13/08/1918, SENDO  NATURAL  DE DESCALVADO-SP (FAZENDA SANTO ANTONIO DO QUILOMBO).

VOTOS:

– TEMPORÁRIOS  NO CALVÁRIO EM 25 DE JANEIRO DE 1943 – SÃO PAULO
– A RENOVAÇÃO DOS VOTOS NA RESSURREIÇÃO : 29 DE JUNHO DE 1979 – CATANDUVA – SP
– JUBILEU DE PRATA : 25 DE JANEIRO DE 1968 – SÃO PAULO
– JUBILEU DE OURO : 25 DE JANEIRO DE 1993 – CATANDUVA

-CURSOS  E  CERTIFICADOS:

DATILOGRAFIA – ARRANJOS FLORAIS – ATENDENTE HOSPITALAR – EMPACOTAMENTO, EMBALAGEM ORNAMENTAL – CORTE E COSTURA

-ATIVIDADES  EXERCIDAS

ENFERMEIRA HOSPITAL SÃO FRANCISCO – RESTINGA SECA – RS – POR 6 ANOS
ENFERMEIRA HOSPITAL SANTA CASA DE MISERICÓRDIA – ITAPIRA – SP POR 6 ANOS
ENFERMEIRA CASA SINHARINHA NETO – CATANDUVA – SP POR 11 ANOS
ENFERMEIRA LAR ORTEGA JOSUÉ – CATANDUVA – SP – POR 10 ANOS

1975 FOI  MORAR  NO RIO E JANEIRO, ONDE COM IR. ZILAH E IR. ZÉLIA FUNDARAM A ESCOLA NOSSA SENHORA DA  RESSURREIÇÃO – TIJUCA
-2ª. TESOUREIRA DA SAPERE
-PROFESSORA DE CURSOS PROFISSIONALIZANTES NA ÁREA DE  ENFERMAGEM E ARTESANATO
– ATENDIMENTO GERAL NA ESCOLA

Irmã Maria Letícia conheceu as Irmãs Calvarianas em Itajobi, onde a Congregação das Irmãs de N. Sra do Calvário mantiveram uma comunidade apostólica, durante alguns anos. “Não fostes que me escolhestes, disse Jesus, fui que vos escolhi.” Jovem ainda, Jesus a escolheu e chamou: Vem e segue-me! Coração generoso, formado na vida cristã, por sua mãe, Ir. Letícia respondeu prontamente ao chamado divino. Ao entrar em contato com as Irmãs, não hesitou. Teve certeza de que era este o caminho de Deus a ser trilhado por ela.

As Irmãs a trouxeram para Catanduva, onde ela iria preparar-se para o Noviciado, no “Coleginho”, dirigido pelas irmãs. Inteligente, dotada de excelente bom senso, muito alegre, faltava-lhe adquirir estrutura pessoal e conhecimentos que ela não recebera por não ter tido oportunidade. A Comunidade a acolheu com carinho e proporcionou-lhe essa possibilidade. Preenchida essa lacuna, a jovem de 22 anos pode ingressar no Noviciado Calvariano, no Bosque da Saúde em São Paulo. Concluído os três anos de Noviciado, Ir. Letícia fez sua consagração a Deus, no dia 25 de janeiro de 1943. Seu primeiro campo de missão, como religiosa calvariana, foi o hospital de Itapira, dirigido pelas Irmãs. Sempre alegre, sempre generosa, com quanto carinho ela cuidou dos doentes! Com que alegria, com que ternura ela acolhia cada criancinha recém chegada a este mundo!

A quantos enfermos ela aliviou as dores, restituindo-lhes a esperança! A quantos idosos e doentes, ela preparou para o encontro definitivo com Deus Nosso Senhor! Anos mais tarde, toda essa generosidade, ela a pôs a serviço dos seus irmãos e irmãs doentes, no hospital de Restinga Seca, R.S., para onde, pela obediência, o Senhor a transferiu. Disponível, sempre atenta à vontade de Deus, outra transferência, desta vez para Catanduva, onde se dedicou as crianças da Creche Sinharinha Neto, e depois, no Lar- Escola Ortega Josué, hoje Colégio Ressurreição.

Atividades diferentes de toda sua experiência anterior! Somente sua generosidade foi sempre a mesma, desta vez colocada a serviço de “Jesus Pobre”, na pessoa de 80 órfãs carentes de todo bem, sobretudo do carinho aconchegante de uma família, o que as tornava agressivas e rebeldes. Só por conta de firmeza, bondade e paciência, Ir. Letícia e nós todas, conseguíamos conviver com elas, procurando prepará-las para as lutas da vida, que as esperavam lá fora, ao deixar o Lar que as abrigavam, até os 18 anos. Todo domingo, apesar da deficiência de uma das pernas e do cansaço da semana, Ir. Letícia as levava, vestidas com suas roupas mais bonitas, para assistir a matinê que lhes era oferecida pelo dono do cinema local. Foi por esse tempo que sua mãe, Dona Clementina, velhinha e doente, veio morar conosco no Lar. Ir. Letícia pode prestar-lhe, até o fim de sua vida, os mesmos cuidados que prestara a tantos idosos e a tantos doentes.

Quando do nosso sofrido desmembramento da Congregação Calvariana, Ir. Letícia optou pela renovação de sua consagração a Deus, nas Comunidades de Nossa Senhora da Ressurreição. Continuou no Lar até sua partida para o Rio de Janeiro, onde ela, Ir. Zilah e Ir. Zélia iriam fundar o 1º Colégio da Ressurreição. Mais tarde Ir. Mariluci e Ir. Angelina vieram se juntar a elas. Fui acompanhá-las até o Rio. Uma viagem marcada pela tristeza e lágrimas por conta da partida e da grande distância entre o Rio e a Casa- Mãe. Instalaram-se provisoriamente no apartamento que Ir. Zilah herdara de sua mãe, na rua Almirante Gavião. Muitas vezes acompanhei Ir. Zélia e Ir. Zilah na procura de um espaço adequado à construção do tão sonhado colégio, cujo preço coubesse no nosso “pequenino” bolso. Afinal, Ir. Zilah, a “perseguidora das boas causas”, descobriu algo que daria para iniciar a realização de seu sonho: na tranqüila Rua Alzira Brandão, uma escolinha, cujos proprietários colocaram à venda. As três missionárias educadoras da Ressurreição se mudaram para lá…tudo tão precário, meu Deus do céu! Ir. Letícia, afeita ao trabalho, continuou suas tarefas domésticas e ajudava a cuidar dos aluninhos, que começavam a aparecer. Só não cozinhava para as irmãs. Era mais econômico “comer de pensão”.

Como o dinheiro era curto, começaram um minúsculo semi- internato. Os alunos partilhavam da marmita das irmãs, que Ir. Letícia ia buscar no restaurante, sem que eles e suas mães percebessem que a comida não era feita em casa. Ir. Letícia era a enfermeira, também cuidava das irmãs, cuidava das crianças a quem amava tanto. Continuou na “Escolinha” da Alzira Brandão até que o lindo e majestoso prédio, que se erguia na rua Oto de Alencar, nº 23, ficasse pronto. Uma vez terminado, a “Escolinha”, que crescera e já era uma “Escola”, iria se mudar para o prédio novo. Mas Ir. Letícia que se sentira feliz no prédio pobre e simples da “Escolinha”, não achava jeito de deixá-la- como “gato de tapera”… e as crianças também não! Irmã Zilah teve que lutar para tirá-los de lá! Só à custa de fazer toda a mudança, deixando a casa vazia… Ir. Letícia se adaptou logo. Amava as crianças e amava as plantas, que ela cultivou em cada canto que coubesse uma flor. Dois amores de que ela não abria mão: as crianças e as flores.

Era para ela, a tarefa mais gratificante, acompanhar as crianças, duas vezes ao dia, na condução escolar, que as levava para casa. Passava-lhe as vezes pela cabeça, que Ir. Zélia queria substituí-la. Então desabafava: “Ir. Zélia está querendo me substituir na condução…mas ela que vá esperando! Não vou abrir mão!” Também em relação às suas plantas, Ir. Zélia era sua diferença: Toda vez que ela saía para férias, Ir. Zélia ficava encarregada de cuidar de suas plantas e cumpria religiosamente a incumbência. Só que lhe faltava o carinho com que Ir. Letícia “conversava” com sua flores… Ao voltar da viagem, era infalível a queixa: “Ir. Zélia não cuidou das plantas…algumas murcharam…outras morreram”…Talvez de saudades, não é Ir. Letícia? Pequenas rixas entre irmãs, justamente por se quererem muito bem! Partilharam suas vidas, por mais de 30 anos, desde 1975 até 2006, quando Ir. Letícia foi morar na Casa do Pai. Antes porém, que isto acontecesse, Ir. Zélia mostrou-nos, a ela e a nós, quanto lhe queria bem.

O mesmo carinho, a mesma dedicação, a mesma generosidade, que Ir. Zélia dispensou a Ir. Zilah durante oito anos, ela dedicou-os à Ir. Letícia: fazia-lhe companhia, rezava com ela, servia-lhe as refeições, dava-lhe os remédios, ajudava-a no banho, levava-a até a capela…um belo testemunho de amor fraterno para todas nós!!!Deus seja louvado! Obrigada Ir. Zélia, pelo seu desvelo por nossa Ir. Letícia, assistindo-a até seu último suspiro, com infinito amor! Ir. Letícia me dizia muitas vezes: “quando Ir. Zilah não estiver mais aqui, eu não vou ficar no Rio. Quero acabar meus dias em um lugar mais sossegado, mais silencioso.” Deus satisfez seu desejo. Assim que Ir. Zilah partiu para o céu, Ir. Letícia começou a se apagar. Não era mais a Ir. Letícia, que realizava seu nome: “Laetitia- Alegria!” Nem mesmo teve forças para acompanhar Ir. Zilah até sua última morada.

Da sacadinha da capela, seguiu com seu carinho, os olhos cheios de lágrimas, o cortejo que se afastava, levando sua irmã, sua amiga, sua companheira de tantos anos! A partir daí, não pudemos mais partilhar seu riso solto contagiando a todas nós, quando nos contava rindo, os “causos” alegres de que se lembrava: ria antes, ria durante, ria depois, acompanhando nossas risadas. Era sua alegria contagiante!!! Viveu apenas dez meses após a partida de Ir. Zilah, apesar dos cuidados dos médicos e das Irmãs dispensados a ela com tamanha dedicação! Nem mesmo abria os olhos, quando eu lhe pedia: – Let, olhe para mim! Fui vê-la mais uma vez. Encontrei-a na sala de comunidade, respirando com dificuldade, assistida por Ir. Gisele, que media sua pressão e a ajudava a respirar com auxílio do aparelho de oxigênio. Ir. Zélia segurava sua mão. Chamei-a como sempre: – Let, olhe para mim! Ela abriu os olhos. Fixou em mim um olharzinho dolorido e terno, tentou falar.

Não conseguiu…foi o último olhar! Comovida, afastei-me por alguns instantes… ao voltar não encontrei mais aquele olhar carinhoso e suplicante, ficou guardado para sempre dentro do meu coração… até o dia feliz da Eternidade! Ela acabara de partir para a Casa do Pai do Céu. Meu coração se volta agradecido para Deus Nosso Senhor, sempre bom, sempre presença amorosa e delicada de Pai! Trouxe lá do Recreio até a Tijuca, para que eu pudesse despedir-me de minha filha, minha irmã, minha amiga, minha companheira de caminhada, durante quase 70 anos! De todo o meu coração. Obrigada, Senhor! Irmã Norma e as Irmãs vieram de Catanduva para, juntas a acompanharmos até o Jardim da Saudade, onde Irmã Letícia descansa tranqüila, ao lado de Ir. Zilah, até o dia do encontro sem fim, na luz da Eternidade. Espere por nós, Ir. Letícia, alegre e feliz, brincando com os anjinhos, no seu lindo céu, como você brincou com as crianças aqui, na Terra dos homens, até que sua Família da Ressurreição esteja completa, na casa do Pai, onde, juntas cantaremos o Aleluia Eterno da Ressurreição.

Amém! Assim seja!

Madre Teresinha

Related Works

No comment yet, add your voice below!


Add a Comment

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

13 + três =